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Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários

Incertezas macroeconômicas podem frear avanço do setor de infraestrutura brasileiro

25 de agosto de 2021


O setor de infraestrutura no Brasil apresenta um cenário diversificado. Em 2020, o investimento total na infraestrutura de transporte do Brasil caiu por um ano consecutivo, prejudicado principalmente pela recessão econômica provocada pela pandemia e pelo esforço do governo para equilibrar as finanças públicas. No entanto, os investimentos no setor, especialmente do campo privado, deverão retomar o crescimento e aumentar aceleradamente no médio prazo, em linha com a agenda governamental de continuar a privatização dos ativos de infraestrutura. A análise é da EMIS, do Grupo ISI Emerging Markets, que durante webinar realizado na última semana, apresentou um panorama completo sobre o setor, mostrando os principais riscos para a expansão e o futuro dos modais de transporte no Brasil. A qualidade de infraestrutura de transportes brasileira De acordo com o último Ranking de Qualidade de Infraestrutura de Transportes, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a 85ª posição no ranking geral de 140 países analisados. Para Adriano Morais, Research Economist para o Brasil na ISI Emerging Markets, o desempenho deixa a desejar. “Chama a atenção que no modal rodoviário, que representa 65% da carga transportada no país, o Brasil se encontra na pior posição entre todos os modais, ficando entre os 30 países com menor pontuação em qualidade rodoviária”, afirma. Adriano acredita que uma das soluções para melhorar a quantidade e qualidade na infraestrutura brasileira seria o aumento de investimentos no setor, porém, também estão aquém do esperado. “Os investimentos vêm sendo reduzidos por uma série de razões: recessão econômica de 2015/2016, além de investigações de corrupção e a deterioração de finanças públicas no país”, explica. Principais riscos A análise também aponta alguns riscos que podem atrapalhar projetos e obras em execução no setor de infraestrutura, sendo os principais os impactos sociais e ambientais, riscos jurídicos, além da burocracia e incertezas econômicas do país. Frederico Turolla, sócio da consultoria Pezco Economics e especialista em infraestrutura, acredita que para que os investimentos em infraestrutura e transportes decolem, é preciso mitigar uma incerteza macroeconômica. “Diversos projetos naufragaram por conta de problemas macroeconômicos. A volatilidade da economia no futuro é um elemento fundamental para o crescimento do setor e as eleições do próximo ano serão decisivas nesse sentido”, acredita. O futuro dos modais de transportes no Brasil Por fim, o evento também debateu o futuro do setor de infraestrutura no país, principalmente os setores ferroviário, aéreo e de transporte público: Setor ferroviário Turolla explica que este setor ferroviário está diretamente ligado à competitividade do país, uma vez que muito do que é exportado no Brasil são commodities que exigem uma infraestrutura de escoamento que prejudicam a competitividade. “Existem alguns projetos da criação de ferrovias em novos eixos longitudinais, além da rediscussão de contratos dos já existentes e isso tem trazido programações de investimentos muito importantes. Por fim, a troca do regime público para a iniciativa privada, conforme prevê o Novo Marco Regulatório (PL 261/208), já vem impulsionando diversas iniciativas estaduais para o desenvolvimento deste modal”, explica. Setor aéreo e transporte público Para os economistas, os impactos da pandemia na redução de viagens e deslocamentos ainda não podem ser contabilizados, porém, outro efeito menos óbvio diz respeito à racionalização das viagens, ou seja, com a possibilidade do trabalho remoto, os deslocamentos podem ser mais bem planejados, consequentemente uma suavização dos picos de congestionamento. “Podendo mover esse pico ao longo dos dias da semana e novos horários, é possível obter uma otimização mais racional da infraestrutura para suavizar os congestionamentos, tanto aéreos quanto rodoviários em longa distância”, acredita Turolla.